terça-feira, 7 de julho de 2009

Jaboatão tem patrimônio a explorar
Parte importante da história de Pernambuco é contada através das construções nos sítios históricos das cidades da Região Metropolitana do Recife. Jaboatão dos Guararapes é um exemplo disso. O centro do município, conhecido como Jaboatão Velho, foi sede da prefeitura durante cerca de um século e guarda acontecimentos interessantes que hoje quase ninguém conhece. No distrito, viveram personalidades importantes, como o educador Paulo Freire, criador de um método de alfabetização para trabalhadores rurais, e a pianista Amélia Brandão, carinhosamente chamada de Tia Amélia pelo cantor Roberto Carlos, autor de uma música em sua homenagem. Outras pessoas conhecidas não chegaram a viver na região, mas deixaram sua marca nos prédios históricos. A basílica de Nossa Senhora Auxiliadora, na divisa dos engenhos Palmeiras e Suassuna, têm uma característica rara. No começo do século 20 o então papa Bento 15 enviou um emissário à construção para declará-la continuação da Igreja de São Pedro, em Roma, na Itália. Há apenas cinco igrejas no País que possuem este privilégio. Outro templo religioso também chama a atenção dos visitantes. É a Igreja de Santo Amaro, fundada no século 16. Conta-se que houve apenas duas ocasiões, durante a revolução praiera (1848-1849) e a epidemia de gripe espanhola (1918-1919), em que a imagem do santo saiu de Jaboatão. Em ambas, ela foi levada para o bairro de Afogados, na Zona Oeste do Recife, porque acreditava-se que protegeria os jaboatonenses que estavam no Recife. Os números gravados nas fachadas desses e de outros prédios históricos denunciam a idade das construções. Apesar da maioria deles indicar o século 19, nenhum imóvel da região é tombado pela Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe). Muitos prédios só foram preservados graças às reformas feitas pela prefeitura ou por particulares. O exemplo vem da antiga cadeia pública, prédio de 1923, na Rua Desembargador Henrique Capitulino, que agora abriga o Instituto Histórico de Jaboatão (IHJ), uma organização sem fins lucrativos que há 36 anos trabalha para preservar a história do município. O imóvel foi cedido em comodato pelo governo do Estado em 2006 e, após uma reforma emergencial, tornou-se sede do instituto em 2007. O espaço reúne relíquias de todas as épocas e mais de 10 mil livros sobre Jaboatão. Uma das celas foi preservada para que o visitante possa conhecer as condições em que viviam os presos do começo do século 20.

Fonte: Jornal do comércio Publicado em 06.07.2009